quarta-feira, 23 de maio de 2012

H. DUBAL (1927 – 2008)


Hindemburgo Dobal TeixeiraNasceu no dia 17 de outubro de 1927, na cidade de Teresina, capital do estado do Piauí. Além de poeta, foi cronista e professor, tendo formação de bacharel em Direito (1952), pela Faculdade de Direito do Piauí. Destacou-se como um dos fundadores do Movimento Meridiano, atuando como diretor da revista de mesmo nome, revista Meridiano, que, de acordo com o crítico literário e antologista Assis Brasil, foi um porta-voz dos modernos escritores piauienses em meados do século XX. Funcionário público concursado, aposentou-se como auditor fiscal do Tesouro Nacional. Segundo o crítico literário Francisco Miguel de Moura, H. Dobal começou a repercutir seu nome nacionalmente ao publicar na imprensa literária do Rio de Janeiro, participando da Antologia dos Poetas Bissextos Contemporâneos, organizada em 1964 (2ª edição) por Manuel Bandeira. Publicou seu primeiro livro, O Tempo Conseqüente, em 1966 e com a segunda obra, O Dia Sem Presságios(1970), conquistou o Prêmio Jorge de Lima, do Instituto Nacional do Livro. Sobre O Tempo Conseqüente, já dizia Manuel Bandeira: “Poeta ecumênico, chamou Odylo a Dobal no seu tão belo e compreensivo estudo apresentando o novo poeta. Mas eu prefiro dizer o poeta total, o poeta por excelência ... Só mesmo um poeta “ecumênico” como Dobal podia fixar a sua província com expressão tão exata, a um tempo tão fresca e tão seca, despojada de quaisquer sentimentalidades, mas rica do sentimento profundo, visceral da terra.” H. Dobal faleceu em Teresina, no dia 22 de maio de 2008.







Inverno

Um horizonte de chuvas demorado
de seus duros verões levanta os campos
e o inverno se faz de tantas noites
onde se pede o curso dos riachos

A pastagem rasteira retocada
pelas ovelhas da manhã não cresce
nesses perdidos campos da memória
onde um menino vive a sua infância

Cresce na solidão de outros meninos
se preparando agora para o exílio
de estrangeira cidade onde mais tarde

confinados ao sonho pensarão
no abôio das chuvas na doçura
dos campos transformados pelo inverno.


***



Crepúsculo

Silencioso
Solitário
Sinistro
Um sol-poente
Celebra o suicídio da tarde.


***



A Morte

A morte aparece
sem fazer ruído.

Senta-se num canto
fica indiferente
com seu ar de calma
absoluta.
Mira longamente
o quarto o retrato
a cama os remédios
postos entre os livros
sobre a mesa escura.

Depois se levanta
sem nenhuma pressa
sem impaciência
retorna ao seu mundo
a morte, de gestos
claros e serenos.

Um comentário:

  1. Silvério:

    Parabésns. Já conhecia este poeta piauense de grande expressão
    lírica, força criativa as mais das vezes telúrica, repassada de
    elementos da saga geográfica nordestina, um mestre na elaboração e no
    culto da forma do soneto. Creio tê-lo lido entre os poetas bissextos
    saudados e divulgados por Manuel Bandeira, depois em antologias.
    Mais
    uma vez, meus parabéns por este precioso trabalho de divulgação.

    Um abraço.


    Florisvaldo Mattos

    ResponderExcluir