quinta-feira, 2 de agosto de 2012

REYNALDO VALINHO ALVAREZ (1931- )


Reynaldo Valinho Alvarez, carioca, formado em Letras, Direito, Economia e Administração, publicou vinte e dois livros de poesia, dois de ficção, dois de ensaio e quinze livros para crianças e adolescentes, além de participar de mais de cinquenta coletâneas de poemas, contos e ensaios, com outros autores, e de colaborar em jornais e revistas. Foi laureado pelas principais instituições culturais do país, entre elas a Academia Brasileira de Letras, o Instituto Nacional do Livro, a Fundação Biblioteca Nacional, o Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, a Fundação Cultural do Distrito Federal, e a Fundação Catarinense de Cultura, além de entidades em Portugal, no México, na Itália e na Espanha. Traduzido para o sueco, o italiano, o espanhol, o francês, o corso, o galego, o persa, o macedônio e o inglês, foi incluído pela crítica entre os nomes mais expressivos da poesia brasileira contemporânea, que representou em festivais internacionais na Suécia, na Macedônia, no Canadá e na Espanha. Publicou 41 livros, 6 deles no exterior, em Portugal, na Suécia, na Itália, no Canadá e na Espanha, sendo que, do total, 22 foram de poesia, 15 de literatura infanto-juvenil, 2 de ficção e 2 de ensaios. Traduzido em sueco, italiano, francês, espanhol, galego, corso, persa, inglês e macedônio, foi premiado em Portugal, no México, na Itália, onde recebeu o Prêmio Camaiore Especial Internacional de Poesia, concedido anteriormente a Karol Woitila (Papa João Paulo II), Eugênio Evtuchenko (um dos maiores poetas russos do século 20) e Lawrence Ferlinghetti (famoso poeta da literatura norte-americana contemporânea), entre outras personalidades. Conquistou em 2009 o Premio Fray Luis de León da Universidade de Salamanca, Espanha, pelo conjunto de sua obra poética. Obteve 30 primeiros lugares e dezenas de colocações secundárias em concursos literários de âmbito nacional e internacional. Entre eles, contam-se os prêmios Fernando Chinaglia 1977 e 1978, da União Brasileira de Escritores; os prêmios Coelho Neto 1978, Carlos de Laet 1978, José Veríssimo 1979 e Olavo Bilac 1981, da Academia Brasileira de Letras; os prêmios Brasília de Poesia para Obra Inédita 1978 e 1980 e Brasília de Crônica para Obra Inédita 1980, da Fundação Cultural do Distrito Federal; o prêmio Emílio Moura 1979, da Coordenadoria de Cultura do Estado de Minas Gerais; o prêmio Status de Poesia Brasileira 1979, da revista Status; o prêmio Instituto Nacional do Livro de Literatura Infantil 1978; o prêmio Augusto Mota 1980, da Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Mota – SUAM; o prêmio de Ficção 1979, do G.D.E. do Banco Borges & Irmão, Porto, Portugal; os prêmios Nova Friburgo de Literatura 1979 e 1980, da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, RJ; o prêmio Walter Auada 1980, da Academia Ribeirão-pretana de Letras, Ribeirão Preto, SP. Essas premiações tiveram, entre os pareceristas e julgadores, nomes como os de Agustina Bessa Luís e Antônio Rebordão Navarro em Portugal, e Octávio de Faria, Alceu Amoroso Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Dom Marcos Barbosa, Benedito Nunes, Afonso Ávila, Mário Chamie, Affonso Romano de Sant’Anna, Adélia Prado, Fany Abramovitch e José Augusto Guerra, no Brasil.  Posteriormente, ganhou, entre outros prêmios, o Mário Quintana de 1989, do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul e da Petrobrás; o Édison Moreira de 1990, da Academia Mineira de Letras e da Rede Milton Reis de Comunicação; o Austregésilo de Athayde de 1984 da Prefeitura Municipal de Lençóis Paulista; o Othon Bezerra de Mello de 1981, da Academia Pernambucana de Letras; o Prêmio Cruz e Sousa 1997 de Poesia, da Fundação Catarinense de Cultura; o Jabuti 1998 de Poesia, da Câmara Brasileira do Livro; o Camaiore Internacional Especial de Poesia de 1999, da Itália; foi Hors-concours do Cecília Meireles de Poesia, de 1997, da União Brasileira de Escritores e Personalidade Cultural Internacional de 1999, da mesma entidade, e recebeu o Golfinho de Ouro de Literatura de 2002, do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro. Em 2009 conquistou o Premio Fray Luis de León da Universidade de Salamanca pelo conjunto de sua obra poética. Como autor de livros de literatura infanto-juvenil, recebeu o Prêmio Instituto Nacional do Livro de Literatura Infantil de 1978, do Instituto Nacional do Livro, Menção Especial do Prêmio Maioridade Crefisul, do Banco Crefisul, o segundo lugar no Prêmio Carioquinha de Literatura, de 1996, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, e o primeiro lugar no mesmo prêmio em 1997. Foi incluído na Ciranda do Livro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Hoechst e Fundação Roberto Marinho, foi selecionado duas vezes para o Programa Salas de Leitura da FAE, do Ministério da Educação e Cultura, e teve livros considerados Altamente Recomendáveis para Crianças pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Representou o Brasil em festivais internacionais de poesia na Suécia, na Macedônia (duas vezes), no Canadá e na Espanha (três vezes). Fez parte de numerosas comissões julgadoras de concursos nacionais de literatura. Manteve, por muitos anos, colunas literárias nos jornais Última Hora e Jornal de Letras. Colaborou em revistas, jornais e suplementos literários do Brasil e do exterior. Participou de mais de 30 obras coletivas com outros escritores, nos gêneros poesia, ensaio e ficção. Foi duas vezes Diretor Cultural da Associação Brasileira de Propaganda, várias vezes vice-presidente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro e diretor do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro. Pertence ao Pen Clube, à Academia Carioca de Letras, à Academia Guanabarina de Letras e ao Instituto Sanmartiniano de Cultura. Elogiado pelos escritores portugueses Ferreira de Castro, Agustina Bessa Luís e Antônio Rebordão Navarro, e pelos brasileiros Menotti del Picchia, Marques Rebelo, Carlos Drummond de Andrade, Dom Marcos Barbosa, Eduardo Portella, Alceu Amoroso Lima, Alphonsus Guimarães Filho, Virgílio Moretzsohn, Fernando Py, Danilo Gomes, Fagundes de Menezes, Reynaldo Bairão, foi considerado herdeiro de Jorge de Lima por Antônio Olinto, que o aproximou de John Donne. Benedito Nunes vinculou-o a Augusto dos Anjos e a T.S.Eliot e o declarou mais do que um verse-maker brilhante. Ivan Junqueira afirma que, por seus ineditismos formais e conteudísticos, Canto em si confere ao poeta posição quase solitária entre seus pares. E também lembra Jorge de Lima, T.S.Eliot e Augusto dos Anjos. Para Edilberto Coutinho, “é mais um grande poeta brasileiro que – a exemplo de um Cabral, um Ledo Ivo, um Drummond – mostra seu domínio também na prosa.” Antônio Carlos Vilaça saúda na Cidade em grito, o primeiro livro do poeta, “o talento e a solidão”. Para Octávio de Faria, já ao publicar seu segundo livro, Canto em si e outros cantos, era “Inequivocamente, um grande poeta. Já consagrado, e sem possibilidade de qualquer futuro fracasso”. Ainda segundo Benedito Nunes: “Tomando como eixo a oscilação entre som e sentido, a poesia de RVA absorve a herança moderna e defronta-se, também, com a tradição do novo”.





SONETO


Na cinza desta tarde me comovo,
levado por lembranças tão pequenas
que me volta o desejo de partida
quando já estou bem próximo à chegada
e me sobram razões de ter ficado
sem sonhar o momento de partir
nem cultivar tenções de continuar.
Procedo como um louco que se perde
nas voltas renovadas do caminho
e sem saber repisa a mesma trilha.
Repasso o longo espaço percorrido
e me faço perguntas sem resposta.
Onde terei deixado o que perdi
ou que terei deixado ao me perder.


***


A Paz quase impossível


Tudo é parede em torno, tudo é nada
e em vão martelo o crânio contra o muro,
os ladrilhos manchados da prisão,
o cárcere maldito, a solitária,
a cela-surda em que não sento ou deito,
mastigando os insetos do meu dia,
a palavra travada, a fala morta
no tubo amordaçado da garganta,
eu, Sísifo rolando a pedra bruta,
eu, Prometeu acorrentado e exposto
ao abutre infernal, eu, navegante
sem bússola ou sextante, remo ou vela,
eu, estrangeiro indesejado, eu, morto,
insistindo no jogo de estar vivo.


***


ESTRANGEIRO


Sou estrangeiro em todos os lugares.
Inútil procurar-te, aldeia minha.
Subo de escada todos os andares,
com a fria espada a acutilar-me a espinha.
Não sou daqui nem sou de lá. Perdi-me
na indecisão de becos e de esquinas.
Como o pardal diante do gato, vi-me
apanhado por garras assassinas.
Os mapas pendurados nas paredes
riem de mim como insensíveis redes,
rasgando os peixes que não fogem mais.
Prenderam-me entre muros que abomino
e toda a noite entoam-me seu hino
de insultos, gritos e ódios triunfais.  

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