sexta-feira, 13 de março de 2015

VANESSA DE MELLO BRITO (1988 - )

Vanessa de Mello Brito é curitibana. Começou a escrever com 7 anos e nunca mais parou. Já deslocou a mandíbula bocejando e em 2006 foi homenageada pelo Centro de Letras do Paraná. É acadêmica de Direito da UFPR. Espera fazer alguma diferença neste mundo tão indiferente através de sua poesia, que pode ser encontrado no blog desassossego: http://vanessabrito.blogspot.com











Quarta-Feira de Cinzas




é
às coisas mal-amadas
sofridas
acabadas
que me apego.

sonetos sem métrica
cartas tétricas
dias em recesso

causas sem justiça
ordem e progresso
cheios de preguiça


***



relacionamento em três atos

Ao ver-te, queria amar-te
Amar é uma arte, ao sabê-lo.
Sem tê-lo, quis chamá-lo
Só de meu, mesmo ausente.

E então, fizemo-nos nós
Ao ter-me, fiz-me presente
Aqui, fiz-me um presente
Ao tê-lo sempre ao meu lado.

Embora sonho, consumado
Soube ateá-lo junto ao fogo
Em parte desse jogo
Tornei-me pesadelo.


***



Resumo



O que me irrita é o amor infinito pelas coisas finitas
A paixão erudita pelas coisas simplistas
O papel reciclado de palavras plenas
A mentira contida em quaisquer poemas

O haver no meu canto e em tudo que trace
O sofrer do meu pranto e em todo que nasce
Alvorada nascendo enquanto dormiam
E o sol já se pondo enquanto esqueciam

Na noite contida o silêncio que traz
Enquanto um espera, o outro que faz
A angústia daqueles já sem sofrimento
O desejo do antigo e manchado convento

A esperança do enfim já chegar a hora
O sabor do infinito que sempre demora
O aperto da mão e da palavra contentes
Esforço contido em toda as gentes

O desejo de um amor bem mais resistente
Que viva o apesar, o amanhã e o presente
A esperança de tudo ter ficado para trás
O desejo do sempre, do tudo e do mais.

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